sábado, 18 de setembro de 2010

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Lamina

  Lamina, tira meu sofrimento momentâneo, corte minha pele e libere o sangue que corre pelo meu corpo. Enxugo minhas lagrimas com minha roupa rasgada, faça-me esquecer tudo com este cheiro de ferrugem, me faça-me esquecer das pessoas cruéis, do mundo em minha volta, me leve para o paraíso... Se existir...
  Agora que minha dor está passando estou vendo as marcas, estou vendo o trabalho feito, não estou sentindo prazer nem sofrimento, na verdade não sinto nada. Apenas um vazio escuro, os rostos parecem que estão novamente ganhando importância, aqueles idiotas. Não estamos sozinhos, na verdade seria melhor se estivéssemos.
Calígula Scipio
18 de setembro de 2010

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Eu sou a Carne

  Sou o verme que rasteja entre os túmulos esperando para comer a carne decomposta dos cadáveres. Sou aquele que veio das sombras da morte, retornou e disse tudo que sabia sobre os homens, como todos são fracos e ridículos. Eu sou o demônio que foi perseguido por séculos, o bruxo que queimou no fogo da santidade, o cientista torturado pelo conhecimento.                                                                                             
   Sou o civil assassinado por se rebelar, sou o rebelde sem causa, o guerrilheiro que luta por ideais próprios, o mercenário sem pátria. Sou o boêmio que de tantos copos e sexo morreu em desgraça, miserável e sozinho. Sou o ser humano em suas  piores e melhores formas, aquele que o sistema odeia, que a sociedade rejeita, sou a humanidade com sua verdadeira face.
Calígula Scipio
18 de Setembro de 2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

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Sombras.

As almas dos mortos são suas túnicas.
Elas varrem seu caminho, antes e depois
A brisa da cova é sua fragrância.
Ela anuncia sua vinda. 

A hora antes da aurora de seu tempo.
Ele aproxima-se agora.
Ele esta diante de nós.

O céu noturno é sua garganta escancarada.
Ele vem do oeste para o leste.
Ele nos chama até sua mesa
E os ossos que ali comemos são os nossos.

Constantine “HellBlazer”

sábado, 11 de setembro de 2010

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Sangue e Sangue

  A noite cai, o sangue correm pelas montanhas geladas, os corvos se aproximas em uma velocidade surpreendente para devorar os corpos estendidos pelo chão coberto de gelo. Os gritos ecoam pala madrugada enquanto milhares de passos rápidos são ouvidos atrás da montanha e um grito ensurdecedor de milhares de homens armados. Eles sabem que vão morrer, eles sabem que vão matar seus sentimentos já não existem mais e a ultima coisa que se lembram foi de deixar suas mulheres e seus filhos em casa enquanto eles fazem seus trabalhos sangrentos.


  O sol nasce e suas respirações são pesadas, eles se preparam para usar seus braços o máximo possível, ver o sangue jorrar em seus rostos cicatrizados. Os mais jovens vão à frente, alguns ainda choram por não verem suas mães e os veteranos verificam suas armaduras e espadas, ele não sentem falta por ninguém e também não tem amigos, pois eles iriam ficar desestabilizados por verem seus amigos novos sendo despedaçados e gritando: “Mãe, mãe...”

  O combate começa, os corações aceleram para bombear mais sangue e levar mais oxigênio as suas células e músculos, e a testosterona aumenta ao longo do caminho ao inimigo. O primeiro contato com a infantaria adversária parece demorar e o tempo desacelera, a física não tem mais sentido, nada tem sentido, a razão não é necessária naquele momento, apenas o instinto de sobrevivência e o sadismo misturado à violência. Eles vão morrer e quase nenhum voltará para casa.



Calígula Scipio

Onze de Setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

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O Cérebro

  Nosso cérebro produz imagens, sons, sentimentos e alucinações. O coração foi por séculos e continua sendo colocado como o centro de todo nosso espírito e corpo, mas ele não possui todas estas funções além de bombear sangue. Litros circulam por aquele órgão tão endeusado por escritores e filósofos, mas nenhum deles realmente conhecia a grandeza e complexidade de nosso corpo. Todo nosso corpo é interligado, ele não é feito apenas de coração e cérebro, mas sim de: rins, fígado, intestinos. Mesmo assim, todos os órgãos precisam do cérebro para real aproveitamento de suas capacidades biológicas.


  Aquele órgão dentro do nosso crânio que foi tão ignorado esta mostrando agora sua real importância, sabemos que se não fosse por ele não conseguiríamos ter filhos, expelir excrementos, fazer sexo e também o coração não conseguiria bombear sangue. Agora, como um órgão consegue ser tão misterioso para nós? O que ele ainda esconde de nós? O que poderíamos fazer com toda a sua real capacidade? Isso só o tempo nos dirá.



Calígula Scipio

Dez de Setembro de 2010

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Nossa Inutilidade

   A sensação de inutilidade nos atinge fortemente na cabeça, nos faz tremer, sentimos falta de ar, o coração dispara como se tivéssemos um infarto. Quando pensamos que fizemos algo corretamente a sombra do erro cai sobre nós, ela escurece nosso pensamento. Discutimos com nossos pensamentos para fazer da melhor forma possível, mas não adianta, somos inúteis por natureza, cometemos falhas e estas falhas ocorrem nos momentos mais importantes, nos momentos em que pessoas confiam em nós, não sabemos como contornar isso, apenas esquecer.


Calígula Scipio

Sete de Setembro de 2010

terça-feira, 7 de setembro de 2010

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O Ontem, O Hoje e O Amanhã

Foi-se o tempo em que pessoas sentavam em suas calçadas, ver as pessoas passando, conversando, se divertindo. Foi-se o tempo em que podíamos sair de casa, ir comprar pão na Padaria do Seu Chico, ficar trinta minutos conversando sobre o tempo e sobre a final do Campeonato Brasileiro e antes de ir embora, a esposa do seu trazia alguns doces em calda para levarmos para casa. Passeávamos pelas ruas da cidade, sem rumo, até achar algum restaurante ou bar para ocupar-nos o tempo.


Hoje olho para trás, vejo que estamos presos em um mundo perigoso e letal, não consigo mais sentar em frente de minha casa, pois minha vizinha foi atropelada por um bêbado sem controle do carro, quando vou à padaria do seu Chico, não mais o encontro e apenas converso com sua viúva, quando vem ao meu encontro chora, pois seu marido foi assaltado em sua padaria, quando ele iria entregar o dinheiro foi morto a tiros. Não passeamos mais pelas ruas, pois podemos ser abordados e esfaqueados em cada esquina, como aquelas pessoas que queriam se divertir.

Chego a minha casa com medo, amanhã é um novo dia, sei que não vou conseguir sair de casa com segurança, estou assustado demais para pensar como tudo isso ocorreu, nossos avanços tecnológicos que deviam nos deixar mais alegre, facilitar nossas vidas, apenas estão nos deixando mais depressivos, o mundo globalizado e a sociedade não estão evoluindo, mas sim regredindo para o caos e para o fogo.





Calígula Scipio

Seis de Setembro de 2010

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Verdade Cruel e Comoda

Destruiremos uns aos outros em massacres impensados, enriqueceremos na imensidão dos séculos cruéis, mortais e sanguinários. Ungiremos nossas cabeças com o sangue de crianças, mulheres e velhos, em cidades brilhando com o fogo. Fizemos isso por anos e nunca cansávamos. Morremos fazendo isso por todas as nossas miseráveis vidas, até os dias de hoje, na mesma luta incansável pelo poder, controlamos a alma dos humilhados e torturados. Negros, cartagineses, bárbaros, árabes, judeus e até romanos e gregos.


Todos os povos conhecidos até hoje já foram torturados, desde os primórdios da humanidade. Primeiro com desejo de controlar comida, evoluímos por territórios, rios, depois por metais, escravos e com isso buscamos armas que pudessem pulverizar nossos inimigos facilmente, em um piscar de olhos.

Fascinamo-nos com isso, buscamos fotos de mortos, ferimentos de combate, de veículos destruídos e prédios em chamas. Adoramos ver fotos de vilas incendiadas, pessoas aleijadas e usamo-las como slogans para campanhas contra a guerra e meios de opressão. Mas quem tirou estas fotos nunca quis fazer algo, nem se sensibilizou, apenas cobriu o nariz para não vomitar enquanto sentia o cheiro das pessoas apodrecendo nas ruas.

Lendo isso novamente me pareceu cruel, triste, doentio, insensível. Ainda penso em apagar-lo, mas ele parece mostrar o quanto isso se tornou comum para nos, vendo filmes de guerra, noticiários sobre os Estados Unidos invadindo outros países ou então pior ainda vendo balas perdidas atingindo civis na nossa Pátria Amada. Isso é tão normal, chegou a um ponto que não nos importamos mais, estamos nos entristecendo e tornando-nos vulgares e infelizes, esperando o dia em que alguém nos acerta um tiro na saída da nossa casa, para nos roubar dois reais, isso é uma pena.

Calígula Scipio

1º Setembro de 2010